Êta mundo bom o mundo de Walcyr! O mundo da ficção que nos alivia da realidade tão torta e cruel que vivemos atualmente. Mesmo sabendo que é nossa obrigação acompanhar os noticiários, é reconfortante saber que no mesmo horário escolhido por outras emissoras para falar das mais tenebrosas tragédias do dia, podemos encontrar um pouquinho de entretenimento leve e encantador. Podemos fazer a escolha de respirar e nos distrairmos com uma obra autêntica, que nos desperta bons sentimentos, ou melhor, que nos puxa na memória a existência desses bons sentimentos.
Mesmo que a história se passe numa época que não volta mais,
a pureza do enredo e das personagens nos transporta para dentro de nós mesmos,
a ponto de recuperarmos a nossa própria pureza e doçura. Todo mundo tem um Candinho
interno. Todo mundo tem uma Sandra também. Seria bom se pudéssemos reconhecer
nossos dois lados e sermos um pouquinho de cada: ingênuos e maliciosos, contrapostos
em variadas situações.
Não é de hoje que as novelas do Walcyr causam essa reação
agradável aos nossos corações. E dou destaque, principalmente, às suas obras do
horário das seis. Aninha Francisca está eternizada em mim! Como esquecer esse clássico? Eu
também era uma “pata choca” na escola, e a personagem me dava aquela sensação
de que podemos mudar nosso destino sem precisarmos mudar nossa essência.
Chocolate com Pimenta é só uma das tantas obras graciosas de
Walcyr. Para mencionar algumas que marcaram a minha geração e me transportaram
para mundos novos: O Cravo e a Rosa, Alma Gêmea, O Profeta. Catarina, Serena,
Sônia: minhas heroínas de época! Eu tinha o hábito de assistir às novelas de
Walcyr ao lado de minha avó (sua fiel telespectadora), enquanto ríamos e
comíamos bolinhos de chuva. E sabe o que é mais incrível? Esse hábito não
mudou! Hoje em dia, quando consigo tempo, ainda sento com minha avó para
assistir a Savalla levar tortas na cara, choques, desmaios. Ainda gargalhamos
juntas e conseguimos conversar sobre a novela, sem o conflito de gerações que
ocorre na maioria das obras de ficção. Pois, justamente, nos reconhecemos na
pureza das personagens, independente da época ou da idade. As personagens de
Walcyr são humanas, com suas virtudes e defeitos, ainda assim, humanas.
Está uma delícia acompanhar Êta mundo bom! Pela graça, pela
delicadeza, pelos disfarces do professor, pelos cegonhos... Parabéns ao Walcyr.
Minha eterna admiração.